Contexto: Políticas Culturais e a Reinvenção da África
O Museu Digital está intrinsecamente ligado a uma transformação nas políticas culturais do Brasil e na percepção da identidade nacional. Historicamente, o Estado incorporou elementos da cultura popular para definir a "brasilidade", posicionando "o africano" em um lugar simbólico central, embora mantendo o povo à distância do poder.
Fases de Incorporação da Herança Africana
- Era Vargas (1930): Início da incorporação de traços africanos, com a "invenção" do "afro-brasileiro"
- FHC (1994-2002): Primeiro reconhecimento oficial do racismo como problema nacional
- Era Lula (2003-2010): Surgimento de novas condições para políticas de identidade e colaboração Sul-Sul
- Patrimonialização do Imaterial: Reconhecimento de manifestações culturais como patrimônio nacional
Vídeo sobre a Lei 10.639/03
A Lei 10.639/03
Implementada em 2003, a Lei 10.639 tornou obrigatório o ensino de "História e Culturas da África e das Populações Afro-Americanas" em todos os níveis de ensino. Esta legislação faz parte de um conjunto de medidas que transformaram antigos "problemas" — o negro, o índio e a África — em um "bônus" para uma nação que se redescobre como multicultural.
Transformação Cultural
Essa conjuntura transformou a palavra "diversidade" em um ativo positivo na linguagem corrente. O tropo "África" transitou de um ônus histórico para um bônus cultural e nacional, consolidando o Brasil como nação multicultural e parte do grupo BRIC.